Canções de M a N

MENINO DO RIO - Caetano Veloso - 1980

No ano de 1980, Caetano Veloso rompeu a tradição de cantar a beleza feminina nas canções de louvor ao Rio de Janeiro, e utilizou a figura de um garoto da praia em “Menino do Rio”. A música tornou-se sucesso na voz de Baby Consuelo ao ser escolhida para tema de abertura da novela "Água Viva”, da Rede Globo
Mas quem era ele? Quem foi o “menino do Rio”?
O garoto da praia era José Artur Machado, o surfista Petit, de 22 anos, criado na praia de Ipanema. No começo dos anos 70, Petit era o símbolo de uma geração de jovens bronzeados, surfistas da praia de Ipanema, zona sul do Rio de Janeiro, que usavam parafina para tornar as pranchas menos escorregadias e dourar os cabelos compridos. Livre, solto, sem outro compromisso com a vida senão viver. O "coração de eterno flerte” é uma metáfora riquíssima, Petit flertou o tempo todo com a vida, praticante de artes marciais, modelo nas horas vagas entre uma onda e outra. Ele vestiu como poucos o slogan da geração saúde, com o corpo aberto no espaço, sempre bronzeado pelo sol carioca. O que pouca gente sabe, é o desfecho desta história...
 O que aconteceu com o “menino do Rio”?
Petit adorou a canção, mas não se mascarou, o comportamento continuou o mesmo: rebelde, pagando pra ver, engravidando as meninas douradas de Ipanema (ao todo ele teve três filhos) e chegou a se viciar em pílulas para dormir e cocaína, revezando entre as carreiras e as cartelas. 




Na madrugada de 29 de agosto de 1987, na garupa da moto de um amigo, Petit sofreu um acidente. A violenta pancada da cabeça contra o asfalto o deixou em coma por 40 dias. Ele sobreviveu, mas com o lado direito do corpo, rosto e boca paralisados. Uma pessoa comum talvez conseguisse driblar o drama, mas não o “talentoso Petit”, como a ele se referem os amigos. Nessas condições, a vida se tornou insuportável para ele, inválido e recluso em seu apartamento, longe do mar que tanto amava, após uma vida toda acostumado a viver intensamente, ao Sol, a praia, os esportes, as meninas, etc… Por trás daquele homem alegre e brincalhão, de pele dourada, 1,80m, loiro, olhos verdes e físico forte, havia uma criança indefesa que nunca chegaria a se tornar adulta. Quase dois anos depois, na tarde de 7 de março de 1989, aos 32 anos, Petit, o eterno menino do Rio, desistiu de sua vida. Trancou-se em seu apartamento e se enforcou com a faixa de seu quimono de jiu-jitsu. O peso da depressão, do isolamento de tudo e de todos foi uma carga demasiadamente pesada para que ele pudesse suportar.

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